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Q

Diego Barra

 

uando conheci o Movimento dos Focolares, era apenas uma criança de 7-8 anos de idade, entre os anos de 1988-89. Cresci participando dos encontros Gen 3 (dos meninos) e aprendendo sobre o ideal da unidade, amor ao próximo e a prática do evangelho. Contudo, lembro que dentre as coisas que eu mais gostava e que me atraíam nesses encontros era o clima de fraternidade, gentileza e amizade entre as pessoas que deles participavam, mesmo sem se conhecerem muito ou por muito tempo, assim como dos momentos que iniciavam as programações, sempre com muitas músicas.

Essas canções sempre tocaram profundamente minha alma e imaginação, mudavam meu humor e tinham o poder de me transportar para uma outra realidade. Assim, crescendo nesse meio, logo passei a cantar juntamente com a banda que animava os encontros.

Em 1999, fui convidado pelo focolarino Leopoldo Queiroz (Leo) para fazer parte do GEN SINCO, nos vocais. Eles estavam com um projeto em andamento, desde o ano anterior (1998), de retomada da banda. Fiquei muito feliz e empolgado com a iniciativa! Não conhecia muito bem a trajetória do Grupo, nem quem dele havia participado outrora, mas conhecia algumas de suas canções, pois já havia curtido e cantado algumas delas nos encontros do Movimento dos Focolares.

Participei ativamente da banda por dois anos (1999 e 2000). Com a ajuda e suporte de ex-integrantes, como Rilson, Edilberto, Nonato e Emanuel Matos, conseguimos preparar um espetáculo com músicas antigas e consagradas do Grupo, com a inserção de algumas novas (de nossa autoria), além de músicas de outras bandas internacionais do Movimento dos Focolares, como o GEN ROSSO e o PROGETTO UNO.

Foram dois anos muito intensos de ensaios, criação, convivência e superação de dificuldades. Encontrávamo-nos no Focolare para criar, ensaiar e traçar os rumos da banda. Fizemos atividades para comprar uma bateria, cabos, microfones e outros materiais para os ensaios, apresentações e divulgação.

Apresentávamo-nos em eventos do próprio Movimento, como as Mariápolis, e Jornadas da Igreja; em festividades locais e as do Círio de Nazaré; e viajamos por algumas cidades da região, para evangelizar através da música, a exemplo de Cametá-PA, Benevides-PA e Macapá-AP - além de Belém.

Dentre essas viagens e apresentações, uma das mais marcantes, para mim, foi o show em Macapá-AP. Viajamos dois dias de barco sem saber exatamente o que esperar. Não levamos praticamente nada de cenografia e material. Chegando lá, fomos super bem recebidos pela comunidade local, que havia marcado duas apresentações no Teatro das Bacabeiras, o maior e mais tradicional teatro da capital amapaense.

Com a ajuda dessa comunidade, fizemos a divulgação do show em rádios, TV e igrejas, vendemos ingressos e preparamos o cenário com a ajuda dos nossos anfitriões e com o material disponível no teatro. O resultado dessa interação do grupo com a comunidade local foram duas sessões lotadas! Todavia, o mais marcante foi o clima de fraternidade vivido naqueles dias, pois, para além das apresentações musicais, o GEN SINCO buscava divulgar uma forma de vida baseada no amor ao próximo, na construção de relacionamentos com "Jesus em nosso meio", a espiritualidade coletiva do “Ideal da Unidade”, também através do contato pessoal com os espectadores e com a comunidade, antes e após as apresentações.

A apoteose desse período foi a realização do show Sinal de Contradição, no Theatro da Paz, em Belém, no ano 2000. O show em si foi grandioso e muito bonito! A expressão no rosto das pessoas que vinham nos cumprimentar após as apresentações era de quem havia sido tocado por uma revelação divina, expressando surpresa e gratidão pela realidade com a qual acabavam de ter contato, mesmo se já conhecessem bem a espiritualidade do Movimento dos Focolares ou a tivessem conhecido ali, através do espetáculo.

De fato, isso era algo surpreendente para nós do GEN SINCO e toda a equipe do Movimento Gen engajada na apresentação. Afinal, entre nós não havia profissionais da música, teatro, iluminação, som, etc., apesar de contar com integrantes bem talentosos.

 

Mas o que havia entre nós era muito mais forte: o companheirismo; a amizade; a humildade de jovens que estavam aprendendo e dando tudo de si para entregar o melhor ao próximo, aos espectadores (ou a nós mesmos); a disposição de dar a vida um pelo outro, nas grandes e pequenas coisas; a disponibilidade de se recolocar no amor quando os desentendimentos e divergências aconteciam (e como aconteciam!). Era exatamente isso que apresentávamos ao público: Jesus entre nós! E Ele era capaz de se sobressair a cada falha ou erro na execução do espetáculo. Era Ele, em meio a nós, que encantava o espectador!

Esses dois anos no GEN SINCO moldaram verdadeiramente minha personalidade, pois me proporcionaram uma experiência prática de como pessoas tão diferentes conseguem realizar coisas extraordinárias quando estão na disponibilidade de se amarem reciprocamente, mostrando o quão verdadeiras são as palavras do Evangelho: “Pois onde dois ou três estiverem reunidos em meu nome, ali estou Eu no meio deles” (Mt 18,20).

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