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José Geraldo Paixão

M

          inha passagem pelo GEN SINCO foi breve, mas muito marcante.

Eu tinha acabado de sair do grupo dos chamados GEN 3 (ou mini-Gen) – setor do Movimento GEN ao qual pertenciam garotos de até 14 anos –, por volta do ano de 1972, e ingressado no do GEN 2 (dos jovens) – já que tinha completado 15 anos e estava na hora de “subir”.

Com 14 anos eu já gostava de cantar. Mas, nessa mesma idade, quando comecei a tocar violão por conta própria, tudo mudou, pois descobri que podia, inclusive, compor músicas – bem singelas, no início.

Mas tive, naquela oportunidade, a felicidade de conviver diretamente com o Heleno, que era uma pessoa fantástica, culta, criativa e, ao mesmo tempo, crítica e exigente com a conduta dos jovens que, na época, faziam parte do Movimento GEN.

Lembro que, no final do ano de 1972, tive dificuldades nos estudos. Ajudado por minha mãe, consegui superar a deficiência em Matemática e, por fim, passar de ano, do primeiro para o segundo colegial. Tal circunstância me liberou tempo para começar a ensaiar, em dezembro, como contrabaixista do Conjunto, na sede GEN, tocando ao lado do Américo, no violão, e do Alex, no teclado. Estávamos ensaiando para o novo show, que deveria ser apresentado logo no início do ano. Lembro que, naquela ocasião, não havia baterista, pelo que tivemos de pedir ajuda a um rapaz que tocava o instrumento num outro conjunto musical da cidade, mesmo não sendo ele do Movimento. Ainda assim, ele se prontificou a ajudar e tocou com a gente no Mostra 73 – tornando-se, em seguida, um simpatizante do Grupo.

O repertório do espetáculo era belíssimo, com pérolas da MPB, a exemplo de Agnus Sei, de Aldir Blanc e João Bosco; Tropicália, de Caetano Veloso; e Brasil Pandeiro, repaginada pelos Novos Baianos – música que abria o show.

Além do Heleno, tinha o Emanuel Matos no vocal e na parte teatral – e tantos outros. Ao final do show, o Heleno fazia todo mundo dançar frevo. Era muito animado! Um clima inexplicável!

Na época eu era o Zequinha. Depois, no colégio, virei Zeca e, mais tarde, Geraldo. Hoje, desde que formado em Direito, virei o Dr. Geraldo, ou Geraldo mesmo – para os mais próximos.

Eu não era muito estudioso; mas fui agraciado com o banho cultural do Heleno, com as suas apresentações magníficas e aulas de interpretação de textos; com a audição de músicas de Milton Nascimento e Nara Leão. Esses momentos marcaram toda a minha vida e fizeram de mim um homem culturalmente mais aberto, preocupado em seguir um caminho reto, sem manchas, íntegro mesmo!

E se eu já tinha, desde criança, uma sólida formação de base, amadurecida desde os primeiros anos de vida – nascida em Nova Timboteua (cidadezinha do interior do Pará) – graças aos meus pais, isso depois foi reforçado com a convivência em Portugal, por um certo período, numa aldeia de nome Fiães, onde morei por um certo tempo e, então, ao voltar pro Brasil, com a convivência com o grupo dos Gen, que me deixou muito mais fortalecido em minhas convicções, principalmente aquelas voltadas à preocupação com as pessoas em geral e as de minha família.

Desde esse tempo, e apesar de eu ter me afastado, ainda em 1973, do Movimento – e, também, graças ao fortalecimento que essa experiência me proporcionou –, digo que continuei e continuo perseverando com a mesma convicção religiosa católica e, já há algum tempo, com a habitual frequência aos sacramentos da confissão e da comunhão, a reza do terço e a leitura do Evangelho.

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